Ficha de Projeto (POSEUR)

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Objetivos

  • Produzir e editar o Livro Vermelho dos Peixes Dulciaquícolas e Diádromos de Portugal Continental;
  • Desenvolver o Sistema Nacional de Informação sobre os Peixes Dulciaquícolas e Diádromos de Portugal Continental (SNIPAD);
  • Contribuir para a avaliação do estado de conservação das espécies de peixes dulciaquícolas e diádromos que constam da Diretiva Habitats.

Áreas de Intervenção

A área de intervenção do projeto abrange todo o território de Portugal Continental, com especial incidência:

  • em 52 Sítios de Importância Comunitária da Rede Natura 2000 (SIC-RN2000);
  • nas áreas do território com lacunas de informação.

Ações

Desenvolvimento informático do SNIPAD

A informação sobre os peixes dulciaquícolas e diádromos de Portugal Continental encontra-se dispersa e pouco acessível ao público. É por isso necessário criar um sistema de armazenamento e gestão desta informação, disponível aos múltiplos utilizadores com responsabilidade na conservação da biodiversidade e na gestão dos ecossistemas aquáticos, bem como ao público em geral.

O SNIPAD será uma plataforma websig interativa, que reunirá informação sobre a distribuição histórica e atual das espécies nativas e não nativas, bem como sobre a sua ecologia. Este sistema incluirá ainda uma aplicação para apoio à identificação de peixes por qualquer um dos seus potenciais utilizadores, o Peixe-Robot.

Validação e armazenamento de dados históricos e contemporâneos no SNIPAD

É essencial que o SNIPAD contenha informação fiável e validada a nível científico. Dada a grande diversidade de fontes de informação histórica e contemporânea sobre os peixes dulciaquícolas e diádromos, os dados disponíveis serão avaliados e eventualmente corrigidos antes do seu carregamento no sistema. Neste processo de validação será analisada a precisão e suficiência dos dados, nomeadamente em termos de classificação taxonómica e distribuição geográfica das espécies, e efetuada a eliminação de informação deficiente.

Determinação da distribuição e abundância das espécies

Para a correta avaliação do risco de extinção das espécies, é fundamental dispor de informação atualizada sobre a sua distribuição, bem como sobre a abundância das suas populações nos rios de Portugal Continental.

Estão já identificadas diversas falhas de informação sobre a ocorrência de peixes dulçaquícolas e migradores em Sítios de Importância Comunitária e noutras regiões do país. De forma a esclarecer estas dúvidas, serão realizadas amostragens no terreno especificamente direcionadas para estes dois grupos de espécies, com particular relevância para as espécies incluídas nos anexos da Diretiva Habitats.

Nos trabalhos no terreno serão utilizadas metodologias que atendam à especificidade ecológica das várias espécies, por exemplo, focando os períodos de migração das espécies diádromas, ou os padrões de ocupação de habitat das espécies dulciaquícolas. Os métodos de amostragem incluirão a pesca elétrica, vários tipos de redes e inquéritos a pescadores.

Clarificação da identidade taxonómica e do tipo de ocorrência das espécies

Desde a publicação do último Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal em 2005, têm vindo a ser identificadas várias lacunas de informação relativas à identidade taxonómica de alguns peixes dulciaquícolas, existindo mesmo estudos que apontam para a existência de entidades taxonómicas distintas, mas que não foram ainda formalmente descritas como novas espécies para a ciência. Para além disso, várias espécies têm vindo a ser detetadas em bacias hidrográficas fora da sua área prevista de distribuição, permanecendo por esclarecer se correspondem a ocorrências autóctones ou se são resultantes de translocações, i.e., introduções por ação humana.  

Estas lacunas de informação podem ter consequências negativas muito relevantes, nomeadamente pela ausência de avaliação do risco de extinção para as espécies ainda não descritas, e pela incorreta avaliação desse risco no caso de espécies já conhecidas, mas com áreas de distribuição deficientemente definidas. Em particular, a clarificação entre ocorrências nativas ou resultantes de translocações permitirá distinguir populações nativas relíquia de elevado valor de conservação de populações translocadas sem qualquer valor de conservação. Esta ação será suportada por uma combinação de várias técnicas de genética molecular.

Avaliação do risco de extinção das espécies

A avaliação do risco de extinção das espécies e a sua inclusão numa das categorias da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), envolve a aplicação de um conjunto de critérios padronizados, baseados em parâmetros como o tamanho da população, tendência populacional, distribuição e probabilidade de extinção.

No último Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, a avaliação de 34 das 35 espécies de peixes dulciaquícolas e migradores foi apenas realizada com base em critérios de distribuição geográfica e de decréscimo das populações. Esta avaliação envolveu ainda um elevado grau de incerteza, por ser baseada em suspeições ou inferências.

Na presente avaliação do risco de extinção, pretende-se não só manter os critérios anteriores, mas também utilizar critérios relativos ao tamanho estimado das populações, procurando atingir um grau de certeza mais elevado na sua aplicação.

Edição do Livro Vermelho dos Peixes Dulciaquícolas e Diádromos de Portugal Continental

Esta ação envolverá a integração de toda a informação obtida no decurso do projeto. Serão produzidos conteúdos sobre os procedimentos utilizados na avaliação do risco de extinção, bem como sobre os resultados obtidos para cada espécie, sob a forma de fichas individuais.

Especificamente, o Livro Vermelho dos Peixes Dulciaquícolas e Diádromos de Portugal Continental incluirá conteúdos sobre:

  • A importância das Listas Vermelhas;
  • O sistema de avaliação do risco de extinção de espécies da UICN, incluindo definições dos critérios, categorias e conceitos utilizados;
  • Os procedimentos adotados no presente exercício de avaliação do risco de extinção, incluindo descrições sumárias da informação de base disponível e adaptações efetuadas;
  • Os resultados por espécie, sob a forma de fichas individuais, integrando a classificação obtida, e elementos sobre distribuição, habitat, fatores de ameaça e medidas de conservação.